domingo, 21 de fevereiro de 2010

Rollmops über alles!


Rollmops, rollmops...Quem já não viu um pote cheio desse acepipe nos balcões de vários botecos por aí?!
Odiado por muitos, mas ao mesmo tempo amado por muitos outros, esse acepipe de origem alemã que consiste basicamente de um filé de sardinha enrolado com uma azeitona, pepino azedo ou algum outro tipo de pickles, curtido em uma mistura de vinagre, água e sal, é figura certa em muitos botequins do Brasil.
É bom? É ruim ? Façam vocês a degustação dessa "nobre" iguaria da baixa gastronomia!
Pra quem quiser saber mais, dá uma olhada aqui ó:
Saludos,
Guti Oliveira





2 comentários:

  1. Eu e meu vidro de rolmops

    No retorno do réveillon na praia, parei numa daquelas cabanas de pé-de-serra que vendem tudo o que você não deveria comprar em pé-de-serra: chocolate, mel, pinga, artigos de couro, caixa com cobra de mola dentro. Não sei se por causa do calor ou pelo finzinho da febre consumista do Natal, eu, que sempre tomo só um suco de milho, dessa vez comprei pão caseiro fumegante, um pote de mel e, num ato intempestivo, peguei um vidro de rolmops Tatuquara.

    Não me perguntem por que comprei o vidro. Nunca fui um grande fã de rolmops e não sou caminhoneiro o suficiente para ser. Sim, porque rolmops, antes de ser petisco, é um atestado de macheza bruta. Criança, mulher, viado, intelectual e palmeirense não comem rolmops. E não é pra menos. Uma cebola ardida, enrolada por uma sardinha salgada, embebida em líquido acido e transpassado por um palito tosco sempre será pra gente que palita o dente com facão. Coisa fina como eixo de caminhão FNM.

    Mas você me pergunta se o gosto é bom? Bom não é. Mas, amigo, dá uma moral!... Como pular bungee jump, depois de encarar a parada você se sente macho, no alto da cadeia alimentar, bem acima dos covardes que desdenharam inicialmente do tresloucado ato. Dito isso, se comer um rolmops parece loucura, imagine comprar um vidro inteiro! Só delírios de grandeza explicariam meu ato, porque minha esposa não entendeu meus argumentos vagos.

    Em todo caso, o vidro subiu a serra e ganhou lugar de destaque no alto de minha geladeira. Daí, passado o frenesi do momento, veio o desafio de encarar o vidro. Dei uma semana para me preparar e, num fim de tarde, depois de entornar duas cervas preliminares, subi no ringue. Daí pintou a caçapa! O rótulo do vidro reciclado de maionese alertava: depois de aberto, consumir em três dias. Caraca!!! Contei bem mais de 20 rolinhos de estopim para gastrite submersos no ácido. E eu como um rolmops por bimestre. Problemão!!! Minha mulher, filho, vizinhos e parentes não iriam enfrentar o vidro comigo. Então, pensei nos camaradas de luta. Caras duros, machos como zagueiros uruguaios e índios apaches. Mas tenho muitos amigos em literatura, artes, jornalismo, propaganda e nenhum caminhoneiro. Todos tinham outros afazares além de deglutir peixe salgado e cebola crua.

    Assim, o vidro de rolmops prosseguiu fechado, me olhando como um cubo de Kubrik em busca de solução. Eu, na adolescência, resolvi o enigma do cubo, mas não o do rolmops na meia-idade. Assim, agora lá está meu vidro de rolmops me olhando de cima para baixo toda vez que vou pegar um Danone na geladeira. Tento evitar olhar para o vidro, mas, como o BBB7, dor de no dente ou carnês de IPTU e IPVA, ele insiste em atravancar o meu janeiro. Não sei o que fazer com aquilo, como não sei o que fazer com minhas dívidas. Feio, ardido e indigesto, o vidro de rolmops virou um problema que empurro com a barriga. Quem dera fosse o único.


    Johnny Pinguela – Janeiro de 2007
    Johnnypinguela.zip.net

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